História da Cortiça

Ao longo da história são muitas as utilizações dadas à cortiça, em 3000 a.C. já era utilizada pelas civilizações da bacia mediterrânica, pelos romanos e fenícios, no Egito, Babilónia, Pérsia e inclusive na China, em particular como vedante para ânforas ou tonéis, no calçado, como isolante em telhados ou em utensílios flutuantes destinados à pesca.

Mas será partir do século XVIII que a produção de cortiça terá um grande incremento, impulsionado pela produção de rolhas para a indústria vitivinícola, iniciando-se neste período a exploração sistemática dos grandes sobreirais da Península Ibérica. Isto deve-se à constatação da boa qualidade do processo de envelhecimento dos vinhos em garrafa quando vedados com rolha de cortiça, este processo inicia-se com a produção de vinhos espumosos (champanhe) que necessitam de estagiar em garrafa, destacando-se o papel inovador do monge beneditino francês Dom Pierre Perignon, tesoureiro da Abadia de Hautvillers, no uso da rolha de cortiça como vedante na sua produção de champanhes, o que ainda hoje se mantém. Esta evolução na qualidade da produção do champanhe contribuiu para o desenvolvimento de grandes empresas a partir da primeira parte do século XVIII, como a Ruinart de Reims (1729), a Moet et Chandon (1743) entre outras. A utilização da cortiça como vedante de qualidade na produção vitivinícola irá estender-se e generalizar-se a outros vinhos, como os do Porto, durante o século XIX.

Inicialmente o processo de fabrico das rolhas era inteiramente manual, mas no século XIX este processo produtivo será mecanizado, graças à evolução tecnológica, sendo patenteada no Reino Unido a primeira máquina de fabricação de rolhas cilíndricas e posteriormente surgem equipamentos novos para as contar e calibrar. Iniciam-se também neste período novas aplicações industriais para a cortiça como o aglomerado simples ou branco e em 1920 surge a produção do parquet em cortiça, criação americana,  e daí em diante a indústria corticeira tem vindo a investir cada vez mais na inovação e desenvolvimento de produtos diversificados.

Hoje a valorização da cortiça e dos seus derivados tem aumentado de forma exponencial face à crescente importância dada à utilização de materiais naturais e sustentáveis. Existe atualmente uma oferta alargada de novos produtos para diferentes sectores como a construção civil, em pavimentos e isolamentos, as indústrias automóvel, naval e aeronáutica, em sistemas de refrigeração, na pesca, na produção de artigos de desporto, de instrumentos musicais, na decoração, calçado, vestuário, marroquinaria entre outros.